quarta-feira, 4 de junho de 2008

A rapariga das maçãs

Um grupo de comerciantes foi a uma feira. Todos prometeram às suas esposas que apanhariam o primeiro voo, para aparecerem ainda a tempo do jantar. O certame, porém, demorou, e chegaram atrasados ao aeroporto. Já com os bilhetes na mão, entraram a correr pelos corredores.

De repente, e sem querer, um dos comerciantes embateu numa mesa, sobre a qual havia uma cesta de maçãs. As frutas caíram e rolaram por toda a parte. Sem parar, os negociantes continuaram a correria, e conseguiram entrar no avião.

Todos… menos um, que parou. Respirou fundo. Sentiu compaixão pela rapariga que estava a vender as maçãs. E resolveu que partiria no voo seguinte. Despediu-se dos amigos e pediu-lhes que ligassem à esposa dele a explicar porque ia chegar mais tarde.

A surpresa do vendedor foi grande quando percebeu que a dona da bancada era uma jovem cega. Viu que ela chorava. E, com as lágrimas a correr pelo rosto, tentava, em vão, recolher as maçãs. Enquanto isso, a multidão passava, vertiginosa, saltando por cima das frutas, sem se deter, sem se importar.

O homem ajudou a rapariga. Observou que muitas das maçãs, ao caírem, ficaram tocadas ou amassadas, e estavam estragadas. Então, separou-as e colocou as outras na cesta. Quando estava tudo recomposto, tirou a carteira do bolso e disse à jovem:

– Toma, por favor. São 10 euros pelos danos que te causámos. Está bem?

Ela, ainda a chorar, acenou positivamente com a cabeça. Ele continuou:

– Espero não termos arruinado o teu dia.

E, quando o vendedor já ia a afastar-se, a moça gritou:

– Senhor...

Ele parou. Olhou-a nos olhos, cegos... e ouviu-lhe dizer:

– O senhor é Jesus...?

Ele deteve-se e não soube o que responder, pois a pergunta tocou-lhe profundamente. E aquela questão ficou a martelar e a queimar a sua alma: «O senhor é Jesus?»

P.S: Ah! Os amigos do comerciante nunca chegaram a avisar a esposa do colega. Devido a uma avaria numa das turbinas, o avião em que viajavam caiu e não houve sobreviventes.

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